Fotografias de um Médico Militar Brasileiro na Primeira Guerra Mundial:
A medicina vai à guerra: a missão médico-militar
brasileira na França durante a Primeira Guerra
Mundial (1918-1919)
Durante a Primeira Guerra Mundial, o governo brasileiro organizou e enviou uma Missão Médico-Militar para a França, a fim de fundar um hospital em Paris, colaborando, assim, com a causa brasileira na Guerra, por meio da medicina. Esse pelotão médico, organizado às pressas, em meio a escândalos e percalços diversos, se faz presente em diversas partes da França, atuando com cuidados médico sobre civis e militares e, especialmente, auxiliando no combate à Gripe Espanhola, epidêmica em grande parte do mundo, inclusive na Europa em conflito.
Esse fato de natureza exótica, e até caricatural, aparentemente esquecido na historiografia, chama nossa atenção: trata-se do Brasil, um país latino-americano que, a fim de se inserir no conflito mundial que acontecia na Europa, envia médicos para a França, o país da medicina. O episódio, mesmo na época, acabou atraindo olhares desconfiados de jornalistas cariocas: "Todos sabem do escândalo. A imprensa anunciou ha tempos que o coronel deputado dr. Nabuco de Gouvêa, chefe da Missão medica que daqui partiu ha tempos para a França, fizera em Paris coisas do arco-da-velha, fundando um hospital maravilhoso, contratando enfermeiras entre mulheres da vida airada, fazendo das enfermarias cabarets, gastando rios de dinheiro, etc." [...] (A Missão..., 1919, p. 2).
Essas e outras acusações fizeram parte das notícias da imprensa nacional e estrangeira, relacionadas à atuação da Missão Médica Brasileira. Entretanto, para além das críticas, pretendemos compreender aqui o que foi essa missão e quais foram suas realizações no contexto da inserção do Brasil na Grande Guerra. Assim, procuramos aqui apresentar, além da contextualização sobre o posicionamento brasileiro frente à guerra, como se constituiu e quem compôs a Missão Médica Brasileira, como transcorreu a viagem até a Europa, bem como a atuação dessa na França entre 1918 e 1919.
O Brasil e o Conflito Mundial
O conflito mundial, que havia iniciado em julho de 1914, já se arrastava por mais de dois anos, desgastando, cada vez mais, as forças das potências envolvidas. Alianças que se formavam, dentro e fora das trincheiras, de modo que as nações organizaram em dois grandes blocos: de um lado a Tríplice Aliança (composta da Alemanha, Áustria--Hungria, Itália), e da Tríplice Entente (formada pela França, Grã-Bretanha e Rússia).
Enquanto isso, o Brasil continuava em uma posição de neutralidade frente ao conflito, entretanto, “nosso país foi o único neutro que protestou contra a invasão alemã na Bélgica” (COZZA, 1996, p. 97).
Na América Latina havia, até 1917, aquilo que Olivier Compagnon (2009) chama de um “consenso neutralista”. Até aquele ano, países como Brasil e Argentina preferiam não se posicionar sobre o conflito por aparentes interesses econômicos. De 1917 em diante, a situação mudou devido ao posicionamento alemão de bloqueio e a temida campanha submarina que esta impunha contra os neutros.
No Brasil com o decorrer da Guerra, foram organizados pelo país vários grupos de apoio à França e seus coligados na guerra, como o Comitê dos Aliados no Estado da Bahia, e a Liga pelos Aliados, no Rio Grande do Sul. Eram grupos que reuniam, em sua maioria, intelectuais, e realizavam propaganda dos países aliados e críticas aos Impérios Centrais (PIRES, 2011, p. 6).
O mais conhecido desses grupos era a Liga Brasileira pelos Aliados, que com sua propaganda favorável à França, Inglaterra e cia, pressionava a tomada de um posicionamento claro do Brasil. Além disso, diversos navios mercantes brasileiros foram afundados pelos alemães, o que também contribuiu para a tomada de posição. Ainda em 1917, foram afundados os navios Paraná (abril), Tijuca, Lapa (ambos em maio), Acari e Guaíba (estes últimos em outubro).
Esses elementos contribuíram, progressivamente, para um posicionamento definitivo do Brasil frente ao conflito. Em fevereiro de 1917, iniciou rompendo relações comerciais com Alemanha, porém, reservando seu direito de neutralidade. Em abril do mesmo ano, o Brasil declarou o fim das relações diplomáticas com a Alemanha. E, finalmente, em 26 do mês de outubro de 1917, um decreto reconhece e proclama o estado de guerra iniciado pelo Império Alemão contra o Brasil.
A presença de diversos imigrantes alemães nos estados do Sul e Sudeste do Brasil em cidades como Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro os imigrantes ou descendentes de alemães desencadeou forte repressão e ataques públicos a esses supostos “germanófilos”.
Os torpedeamentos contra os navios brasileira causaram grande comoção na população brasileira e, após isso, o Brasil planejou uma série de ações para se inserir no conflito mundial. A mais conhecida medida envolveu a Marinha brasileira a criação da Divisão Naval de Operações de Guerra (conhecida como DNOG), constituída para realizar missões de apoio como patrulhamento e vigilância, apesar da dificuldade de composição da esquadra brasileira.
Foi enviado para Europa, ainda, um grupo de treze oficiais aviadores para treinamento e atuação junto aos exércitos estrangeiros.
Esses oficiais ainda auxiliaram, posteriormente, com missões de guarnição de aeronaves inglesas. A realização desse esforço de capacitar aviadores e a compra de diversos hidroaviões possibilitou a organização da aviação naval brasileira, servindo de núcleo para a constituição de uma aeronáutica brasileira, com o passar dos anos.
Acontece que talvez a mais significativa (e desconhecida) das ações tenha sido a atuação de uma missão médica, que em caráter militar, enviou para a França dezenas de médicos e soldados que, ao tratar de feridos e atingidos pela espanhola, acabou por fundar um hospital na zona de guerra.
A Composição da Missão Médica
Sabe-se que, “em primeiro de junho de 1918, o chefe da legação da República Francesa no Brasil, Ministro Paul Claudel, formaliza, em nota ao Ministro das Relações Exteriores, doutor Nilo Peçanha, o pedido de missão médica” (COZZA, 1996, p. 105). A partir disso, com o avançar das negociações, ainda em meados de 1918, Peçanha anuncia que o país criará uma missão composta por militares e médicos. A seguir, o nome do médico e deputado José Thomaz Nabuco de Gouveia, foi anunciado como chefe da missão.
Então, com o aval do Presidente da República, Venceslau Brás, é organizada pelo governo brasileiro a Missão Médico-Militar para a construção de um hospital temporário na zona de guerra.
Nas palavras de um dos componentes da missão, Mário Kroeff: "Nosso Govêrno viu nos médicos, seu melhor elemento para colaborar na causa dos Aliados, dando demonstração leal e positiva. E na guerra, o Brasil entrou pelo emblema da medicina, de nossa medicina, sempre sublime na intenção de salvar e socorrer o ser humano, qualquer que êle seja" (KROEFF, 1969, p. 410).
Muito além da tentativa de colaborar com a causa dos aliados, as motivações do governo para essa missão eram múltiplas. Conforme lembram Hochman (2006, p. 63) e Oliveira (1990), esse é um momento de afirmação de movimentos nacionalistas. Desse modo, ir à guerra e levar médicos ao conflito bélico significava mostrar que a ciência brasileira era capacitada. Era o Brasil construindo um hospital no país da medicina do período. A missão representava o Brasil inserindo-se na modernidade internacional pela via da saúde.
A composição da Missão contava com serviços clínicos e cirúrgicos, farmácia, intendência, secretaria e enfermaria, reunindo médicos, farmacêuticos e militares em um total de 112 missionários.
Em relatório apresentado após o retorno ao Brasil, o chefe da Missão, o médico e político José Thomaz Nabuco de Gouvêa lembra-se dos momentos de construção do corpo de partícipes civis: "Quando, portanto, tivemos de fazer a escolha das pessoas, reduzindo-as ao número determinado [...], o trabalho foi considerável, visto que tínhamos mais de duzentos nomes e apenas 86 logares (BRASIL...,1919, p. 9).
Entre os membros médicos da Missão, figuravam profissionais destacados com anos de atuação, outros recém-formados e alguns ainda por se formar. Alguns deles eram professores de faculdades de medicina e famosos clínicos, outros eram desconhecidos neófitos no campo profissional. Cozza resulta que, “dez médicos, entre os mais considerados na nossa sociedade, foram comissionados no posto de tenente-coronel” (COZZA, 1996, p. 105).
Assim, encontravam-se todos organizados em hierarquia militar, de acordo com a experiência no campo da medicina. Sabe-se que os lugares foram disputados pelos médicos com grande concorrência,
fazendo-os recorrer a redes de relações para imprimir seus interesses.
Participar da guerra era um risco, mas sabemos das excelentes oportunidades que se escondem por trás desses delicados e aflitivos momentos. Participar de um corpo médico-militar, no momento de um conflito internacional, no velho continente, agregava ao currículo desses indivíduos vários capitais: capital político na negociação com o Estado (que poderia ajudar na promoção hierárquica), capital intelectual (no incremento em termos de capacidade profissional que essa experiência acarretaria) e capital simbólico (já que o espontâneo e desapegado voluntarismo cercaria os médicos-militares de uma aura de humanitarismo e coragem que os destacaria frente à sociedade em geral, incluindo aí potenciais pacientes).
Assim, crentes dos riscos e, possivelmente, colocando na balança as potencialidades que a participação naquele evento poderia acrescentar em suas trajetórias profissionais, foram aqueles médicos em direção à Europa.
A viagem à Europa
Após a escolha dos membros e a organização de todos os trâmites, foi realizada a partida da missão no dia 18 de agosto de 1918 a bordo do navio francês Plata. A partida da Missão foi acompanhada por milhares de pessoas junto ao porto do Rio de Janeiro, com calorosas e emocionadas homenagens aos brasileiros.
A primeira escala da viagem após a travessia do Atlântico estava programada para a cidade de Dacar em Senegal, na África. Porém, em suas memórias, Mário Kroeff relata os percalços que apareceram no caminho: "A viagem decorreu lenta e morosa, com luzes apagadas, proibição de fumar no tombadilho à noite e os freqüentes e assustadores exercícios de salvamento. Ao nos aproximarmos à noite de Dacar, o comandante chamou Nabuco à ponte do comando e segredou-lhe que recebera ordens de mudar de rota, dirigindo-se ao Sul, para o porto da colônia inglêsa de Freetown, pois havia um submarino alemão à espera, para nos torpedear de madrugada, no dia seguinte. [...] Dois dias depois, aportávamos em Freetown, onde perdemos vários dias, até que os inglêses se decidissem a abastecer de carvão o velho transporte francês. Desimpedido o caminho de Dacar, para lá seguimos afinal (KROEFF, 1971, p. 384).
Em Dacar, foram recebidos os brasileiros com brindes, espetáculos e banquetes que comemoravam a entrada do Brasil no conflito mundial (BRASIL..., 1919, p. 10). Entretanto, os festejos duraram pouco tempo, pois o período de duração da missão coincidiu com outro evento de alcance global: a gripe espanhola. Assim, mesmo antes de chegarem na Europa, durante a viagem, os missionários enfrentaram imprevistos relacionados à pandemia. Ainda no navio em direção ao velho continente, após terem saído de Dacar, alguns tripulantes começam a sofrer desse mal. Sobre isso, assim aponta o
relatório da missão: [...] os primeiros doentes julgaram-se vitimas de uma gripe comum e banal [...]. Esses casos, porém, foram-se tornando cada vez mais numerosos. O espirito com que todos – mesmo os doentes – recebiam a notificação de novos casos de perfeito bom humor. Pouco a pouco viam-se mesas do refeitório esvaziaram-se. Ninguém tinha até então imaginado que na realidade o que estava grassando a bordo era a terrível pandemia espanhola (BRASIL, 1919, p. 10-11).
Os outros destinos, antes de chegarem à França, incluíam a estratégica cidade de Gibraltar e também Oran, na Argélia. As duas cidades forneceram serviços para a desinfecção do navio em virtude da Espanhola e, inclusive, cuidados médicos para os tripulantes doentes. A notícia da morte de membros da missão que sucumbiram à Espanhola chegou algum tempo depois no Brasil causando uma comoção generalizada. Entidades civis e instituições públicas enviavam notas aos jornais das capitais relatando o pesar que sentiam com a morte daqueles “heróis” brasileiros. Após longa estadia em Oran e o registro de alguns médicos a menos na missão levados pela Gripe, o navio partiu para seu destino final: o porto de Marselha.
Atuação da Missão
Com algumas baixas no grupo inicial, chegaram, após escalas, à França, em 24 de setembro, e foram recebidos na cidade mediterrânea de Marselha por autoridades e médicos franceses (BRASIL, 1919, p. 11).
Após a chegada no país, o chefe dos médicos brasileiros, Nabuco de Gouveia se dirigiu até Paris, juntamente com parte dos membros, a fim de começar a organização inicial da missão. Entretanto, conforme apontou um anônimo participante da missão, a recepção na cidade não foi das melhores: "Le Matim de 30 de setembro noticiava a chegada do coronel Nabuco de Gouvéa a Paris sob o título: Missão Thetral Brasileira. Sarcasmo proposital ou simples ironia da acaso, a verdade é que a aparência espetaculosa que o deputado imprimia a seus atos justificava e justificou muitas vezes aquele qualitativo" (A Missão..., 1919, p. 3). Após este episódio, [...] uma vez em Paris, foram todos entregues ao alto comando francês que os distribuiu pelas Províncias, a fim de imediatamente prestarem serviço contra uma epidemia de gripe, que dizimava a população civil, enfraquecia a linha de frente e prejudicava a ação da retaguarda. [...] Enquanto uns eram assim espalhados pelo interior e cooperavam na saúde pública em geral, outros trabalhavam com o chefe da Missão, na montagem do Hospital Brasileiro, remodelando o prédio de um antigo convento de Jesuítas, que existia na rue Vaugirard" (KROEFF, 1969, p. 413).
A composição desse hospital demorou várias semanas, até que ficasse pronto para receber os feridos e atingidos pela Espanhola. Desde a escolha do prédio, a limpeza da área, reformas na estrutura do prédio, e montagem das alas e salas, tudo foi organizado pelos brasileiros com apoio do governo francês. Dificuldades diversas surgiram até se iniciarem os primeiros atendimentos.
Em dados momentos, por exemplo, os brasileiros chegaram a disputar a conquista do prédio do novo hospital com os americanos: "A posse desse edifício não foi fácil. Entre nós e o governo americano estabeleceu-se uma especie de concorrência. Logo que os americanos souberam que pretendíamos ali instalar um hospital, estabeleceram uma porfia conosco, tendo o governo francês tido necessidade de invocar a sua palavra empenhada conosco para se ver livre dos pedidos insistentes dos americanos, que, nesse momento, com grande quantidade de feridos vindos do “front”, onde a luta atravessava uma fase intensíssima precisavam de hospital urgentemente" (BRASIL..., 1919. p. 12).
O edifício logo foi oferecido aos brasileiros, com a contrapartida de que estes cuidassem tanto dos feridos de guerra quanto dos doentes pela Gripe. Esse hospital, além de prestar ajuda à assistência pública francesa, também serviu como uma espécie de quartel-general durante o período de guerra reunindo os missionários brasileiros.
O hospital, que deveria ter caráter temporário, continuou servindo à sociedade parisiense no pós-guerra, alternando sua administração entre as entidades religiosas e a assistência pública de Paris. Funcionou ainda ali durante alguns anos um setor de clínicas, terapêuticas e cirurgias da Faculdade de Medicina da Universidade de Paris. Por meio dos relatórios e relatos daqueles médicos combatentes torna-se difícil compreender como se dava a lógica de atendimento aos feridos e doentes que vinham do Front. Mas ao que aponta o relatório geral da missão, em um primeiro momento grande parte dos atendimentos realizados se vinculou aos combatentes que se encontravam na retaguarda que haviam sido atingidos pela gripe. Recorda o chefe da missão, que o governo francês pensou em [...] utilizar imediatamente os nossos médicos para irem em socorro das guarnições militares das formações da retaguarda, onde a gripe estava causando os mais pavorosos efeitos, colocando o governo em expectativa de ver as suas forças imobilizadas quase em massa por centena de milhares de doentes (BRASIL..., 1919, p. 12).
"Assim foram enviados diversos médicos brasileiros para atuar no apoio às guarnições de retaguarda, em um primeiro momento. Posteriormente, para o interior da França [...] foram remetidas equipes, que foram postas á disposição dos chefes militares das respectivas regiões. Ai passaram esses médicos longa temporada, prestando um serviço inestimável, conquistando, gradativamente, a confiança das autoridades francesas, a ponto de serem muitos deles investidos da função de direção e comando de hospitais e de divisões sanitárias" (BRASIL..., 1919, p. 13).
Os médicos foram enviados em diferentes momentos da missão e com funções diversas a cumprir em várias regiões da França. Além de Paris, montaram equipes de trabalho ou realizaram ações individuais nas seguintes cidades francesas: Besançon, Bordeaux, Bourges, Clermont-Ferrand, Le Mans, Limoges, Marselha, Montpellier, Nantes, Reims, Rennes e Tours.
Tempo depois, quando a guerra já dava sinais de estar próxima do fim, o Brasil finalmente enviou equipes para a linha de frente “onde sob as ordens do comando francês, seriam destacados para postos de socorro instalados na zona de batalha” (BRASIL..., 1919, p. 14).
Bonifácio Costa, por exemplo, membro do corpo principal da Missão, no posto de 2º tenente, na função de médico auxiliar atuou no interior da França, juntamente com outros médicos indicados para a região de Bourges, segundo o Relatório da Missão (BRASIL..., 1919, p. 13). Além disso, daquele ponto em diante foi designado para a região de Nevers (KROEFF, 1969, p. 415), ao norte do país, onde trabalhou no Hospital de moléstias contagiosas da 8ª região.
A missão começou a reduzir seu contingente de homens conforme aos poucos, e em março de 1919, já haviam retornado grande parte dos médicos da missão e encerrava-se a participação brasileira na guerra.
Considerações finais
Independentemente, das críticas sobre sua atuação ou organização, a importância da Missão Médica foi descrita por Rachel Motta Cardozo (2010; 2011) ao apontar que desdobramentos surgidos a partir da Missão tiveram consequências importantes na modernização do Exército brasileiro. Pois a partir dessa, criaram-se condições para a instituição de outra Missão que reformou serviços militares diversos, com a vinda de franceses para o Brasil. Além disso, autores sinalizaram que as ações diplomáticas entre os dois países foram fortalecidas após esse contato inicial realizado pela Missão Médica.
De qualquer maneira, o investimento realizado com a constituição da Missão e do Hospital Brasileiro de Vaugirard parece ter sido fundamental, também, para a inserção brasileira na Liga das Nações e nas conferências de paz no pós-guerra.
Sabe-se, ainda, que as relações científicas entre Brasil e França foram interrompidas durante a Grande Guerra, conforme apontam Magali Romero Sá et al. (2009, p.248). Acreditamos, porém, que parte dessas relações foram reatadas com a construção do Hospital Brasileiro instalado pela Missão Médica, que após o conflito, entregue as autoridades francesas, e sob o comando do médico Pierre Duval, que durante a década de 1920 se prontificou a receber médicos brasileiros na instituição.
Entretanto, apesar de todo o esforço que o governo brasileiro realizou para se inserir no conflito, incluindo nisso a realização da Missão Médica, isto não “permitiu a emergência de uma memória da Grande Guerra” (COMPAGNON, 2009, p. 32) que durasse até os nossos dias. Veremos se esta situação irá se alterar neste e nos próximos anos quando estaremos comemorando o centenário da Guerra e a entrada do Brasil no conflito.
Fonte: www.upf.br/seer/index.php/rhdt/article/download/4574/3066
Cristiano Enrique de Brum - UPF
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