quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Ten Av R/2 Raymundo da Costa Canário - In Memoriam

Ten Av R/2 Raymundo da Costa Canário - In Memoriam:





Nome de Guerra: Canário
Patente: Aspirante Aviador da Reserva Convocado 
Registro: BO-71
Nascimento: 02/05/1926, Rio de Janeiro (RJ) - Brasil
Falecimento: 13/01/1997, Rio de Janeiro (RJ) - Brasil
Função: Piloto de Combate
Promoções: em 21 Mai 45, promovido a 2º Tenente


(E>D) Os veteranos do 1GAvC Canário* e Diomar**, antes do embarque para a Itália, e outros Aspirantes Aviadores da Reserva Convocados (Asa Branca), 
durante o treinamento dos EUA. Nessa foto visitando Washington, DC:




Condecorações: Ordem do Mérito Aeronáutico, Cruz de Aviação - Fita A com duas estrelas, Campanha da Itália, Air Medal com duas OLC (EUA) e Presidential Unit Citation (EUA).


Treinamento: em 04 Jan 45, apresentou-se em Pisa, vindo diretamente da escola de Pilotagem dos Estados Unidos. 



Piloto de combate da esquadrilha amarela, tendo completado 51 missões de guerra. Sua primeira missão foi em 20 JAN 45 e sua última em 01 MAI 45. Durante a sua 14ª missão, em 15 FEV 45, foi abatido pela AAé inimiga, tendo pulado de pára-quedas caindo na "terra de ninguém", justamente no Front da FEB, tendo sido resgatado por uma Patrulha de Pracinhas Brasileiros do 11º RI e recambiado no mesmo dia para a Base de Pisa. No dia seguinte, cedo, já estava cumprindo nova missão de guerra. 


Após colidir com uma chaminé num ataque:




Conseguiu voltar com meia asa de uma missão!


Canário em Pisa, Itália. Bem próximo do L'albergo Nettuno que o Grupo ficou alojado nessa cidade de 04/12/44 a 02/07/45:


Canário em Cannes, França. Era regulamentar após um trauma, no caso quando ele foi abatido, o piloto ser enviado para um "Rest Center" para recuperação. Na cidade de Nice tinha um da Army Air Force. Estamos pesquisando se foi uma folga ou após esse descanso:


Texto do site "Contos do céu":


05/fevereiro/1945, 7h50 - Em algum lugar entre Modena e Bolonha, Itália


Amanhecer tristonho e gelado em meio a um céu cinzento e carregado. Os quatro Thunderbolts, com suas asas balançando suavemente e seus pilotos encolhidos nos cockipts, planam a mil e quinhentos metros de altitude.

A formação está composta pelo Comandante Lafayette, seu ala Armando, depois o Dornelles como líder e, por fim, seu ala Canário. A esquadrilha dá cumprimento à missão nº 222, bombardeio picado nas regiões de Castelfranco, Nervesa, Padova e Vicenza.

“Objetivo às 4h!”, o grito nos audiofones afasta imediatamente o torpor do voo e, instintivamente, quatro mãos enluvadas levam ao passo mínimo o comando da hélice. À direita, meio escondido pela vegetação, uma coluna de fumaça branca que, sem a ação dos ventos, sobe reta no céu carrancudo. Trem?

Um a um os P-47s quebram a formação e descem em ligeiro voo picado, a toda velocidade. Antes mesmo de começar a enquadrar o objetivo, as primeiras traçadoras de antiaérea sobem em enfiadas contínuas manchando o céu com flocos pretos de explosões. "Ah, um entroncamento ferroviário!". Os aviões investem em formação escalonada atirando no emaranhado de trilhos que se destaca em meio à brancura da neve. Os caças passam como bólidos sobre o terreno que é sacudido por sucessivas explosões, lançando enormes tufos de terra, entulho e pedaços de trilhos pelos ares.

Após a fulminante passagem, os quatro Thunderbolts nivelam a mil e duzentos metros e retomam a formação. A bordo do P-47D-25-RE, serial 42-26763, com o código B3 pintado na carenagem do motor, o Tenente Canário observa que algo aconteceu. O avião não está redondo. O manche vibra de forma anormal na sua mão e as RPM oscilam para baixo. Sobressaltado, Canário gira a cabeça para os lados, olhando para fora e depois volta à atenção para o painel de instrumentos.

Alarmado, vê fumaça saindo por debaixo das botas; o avião está pegando fogo! Grita aos companheiros a situação, já sentindo a temperatura aumentar na cabine e, muito contrariado, conclui que não há mais o que fazer a não ser saltar de paraquedas.

O salto foi perfeito e enquanto descia, olhou para baixo entre os pés se perguntando onde diabos estava. Bateu no chão, deixando-se rolar e o mais rápido que pode levantou-se. Enquanto se livrava do paraquedas ouviu gritos vindos de uma cerca viva e viu alguns soldados gesticulando e correndo em direção a ele. Àquela distância não dava para distinguir os uniformes, que pareciam ser verdes. Mas, que merda, tanto brasileiros como alemães usavam uniformes verdes.




Canário puxou a Colt 45 e começou a correr feito louco. Ofegante e usando todas suas forças, o Tenente afundava as botas na neve na tentativa de livrar-se. Suas pesadas roupas de voo, contudo, era um péssimo handicap e o grupo de perseguidores começou a levar vantagem.

Vendo que não ia conseguir, decidiu vender caro sua prisão. Voltou-se, empunhando sua arma e quando ia disparar, ouviu sonoro e bem alto: “VEM PRA CÁ, SEU FILHO DA PUTA!”.
Canário, nunca imaginou que um palavrão, ainda que ofensivo à sua amada mãe, fosse algo tão bom de ouvir; pra falar a verdade, uma linda canção aos seus ouvidos.

Seus perseguidores eram soldados brasileiros do 11º RI - Regimento de Infantaria que acompanharam seu salto de paraquedas na chamada terra de ninguém. E à custa de gritos e xingamentos, conseguiram detê-lo antes que chegasse às linhas inimigas, que era para onde se dirigia.




Em 1948 casou com D. Lilo Branco Canário, com quem conviveu por 49 anos. Dessa união tiveram os filhos Zulmira, Denise e Raymundo:


 Ao regressar ao Brasil, pediu baixa da FAB para ser Piloto Civil. Mais tarde, transferiu-se para a CIA de Aviação Aérea Riograndense (VARIG), onde foi Comandante de vôos internacionais, tendo feito mais de 25.000 horas de voo ao se aposentar.

Em 22 de abril de 1963, o então Ten-Cel Av Rui, Comandante do 1º Grupo de Caça em Santa Cruz-RJ, mandou fazer como recordação um caneco para cada piloto veterano do Senta a púa. Houve uma cerimônia na Base e alguns dos nossos heróis receberam tal lembrança. Aqui está o Caneco do Canário!




Membros da FAB presentes à cerimônia de inauguração do monumento aos 350th em Dayton em 1988 - Nero Moura, Josino Maia de Assis, Othon Correa Netto, José Rebelo Meira de Vasconcelos, Theobaldo Antonio Kopp, Newton Neiva de Figueiredo, Hélio Langsch Keller, Paulo Costa, Rui Barbosa Moreira Lima, Renato Goulart Pereira, Willer Persio, Mario Antonio Rodrigues, João de Barros Torres, Alberto Martins Torres, Ferdinando B. Serra Berredo, Osias Machado Silva, Waldemar Braga, Raymundo da Costa Canário, Fernando Correa Rocha, Adolfo da Rocha Furtado, José Varela, Délio Gonçalves, Darci Souza Dias, Vicente Silveira, Newton Alves Leite, Gelmo José Michelloni, David Rosal Gabriel, Heródoto de Campos:




Informações: www.sentandoapua.com.br

Obituário feito pelo amigo e companheiro, Rui:



Jamais serão esquecidos!!

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