sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Major-Brigadeiro José Rebelo Meira de Vasconcelos - In Memoriam

Major-Brigadeiro José Rebelo Meira de Vasconcelos - In Memoriam:



Nome de Guerra: Meira
Patente/Registro: 2º Tenente Aviador / BO-434
Função: Piloto de Combate
Nascimento: 27/09/1922, Rio de Janeiro (RJ) - Brasil
Falecimento: 30/03/2013, Rio de Janeiro (RJ) - Brasil


Meirinha quando realmente era um garoto:


Cordeiro, Meira e outros colegas no Campo dos Afonsos em Agosto - 1941:


*Acreditamos que houve um erro na identificação (verso da foto). 
Na nossa opinião o Cordeiro é o cadete da extrema direita da fotografia com o braço em cima da asa.

Meirinha (2º avião) e Cordeiro (1º avião - Morto em combate na Itália) 
em formação durante o curso de pilotagem na Escola de Aeronáutica 
no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro em 1942:




Equipe de Voleibol que o Meirinha (#9) fazia parte da Academia da Aeronáutica. Notem o #12, Othon Correia Netto, Piloto de combate da esquadrilha azul, veterano do 1º Grupo de Caça na Itália juntamente com o Meirinha.


Meirinha nos Afonsos - 1943:


Convite de formatura da 1ª turma 100% FAB de 1943. Nela estavam o Meirinha e Lara:


1ª Turma do Campo dos Afonsos - Fotografia do Meirinha ainda como Aspirante 
recebendo o breve de piloto da FAB do seu instrutor Ten Edivio em 1943.


Meirinha "batizando" um avião com o nome de "Comandante Petit":


Quem foi DJALMA FONTES CORDOVIL PETIT?

O Capitão de Corveta Djalma Fontes Cordovil Petit nasceu no Rio de Janeiro em 12 de janeiro de 1899. Fez o curso de aviador na Escola de Aviação Naval, no Rio de Janeiro, e concluiu o aperfeiçoamento na Escola de São Rafael, no sul da França. Logo em seguida, foi um dos primeiros alunos a servir na Esquadrilha das Cegonhas, com sede em Strasburg. Ao regressar ao Brasil, surgiu a oportunidade de ir para Natal, servir ao Governo do Estado, chefiado pelo Dr. Juvenal Lamartine, com a missão de também dar aulas na Escola de Voo do Aeroclube do Rio Grande do Norte, que necessitava urgentemente de um instrutor.

Chegou a Natal no dia 31 de março de 1928, já no posto de Capitão-Tenente aviador da Marinha Brasileira, tendo sido o primeiro instrutor do Aeroclube do Rio Grande do Norte.


Durante a Revolução Paulista de 1932, um raro encontro com a aviação paulista ocorreu em 18 de julho quando dois corsários perseguiram um Potez 25 TOE no litoral, próximo à divisa dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. No dia 19, quatro corsários voltaram a Cunha, liderados pelo Capitão de Corveta Petit. Desta vez, localizaram e bombardearam a bateria paulista, liberando o avanço dos fuzileiros.

Fotografia em anexa de 1933 - O Capitão-Tenente José Kahl Filho, o Capitão de Corveta Djalma Cordovil Petit e o Capitão-Tenente Lauro Oriano Menescal diante de um Boeing 256 da Esquadrilha de Demonstração, provavelmente em Fortaleza durante a visita do Presidente Getúlio Vargas ao Norte em agosto de 1933.

O Comandante Petit era tido como um dos melhores aviadores da Marinha do Brasil, frequentemente convidado a participar de shows aéreos em eventos oficiais. Em 22 de abril de 1934, a Esquadrilha de Demonstração foi enviada para representar a Aviação Naval no encerramento do I Congresso Nacional de Aeronáutica no Campo de Marte em São Paulo, onde Cordovil Petit faleceu, dois dias depois, durante uma demonstração de voos acrobáticos, pilotando um avião de caça Boeing 256. Veio a óbito logo após a decolagem seguida de um looping. A manobra não foi completada e o Boeing bateu no solo quase verticalmente.

A tragédia privou a Esquadrilha de seu líder e causou a sua dissolução.



Rocha, Prates, Taborda e Cox. Agachados o Rui e o Meira, 
na "fila do banho" nos EUA em Long Island, praia de Swordfish, 
durante treinamento no P-47 em Suffolk Field, antes do embarque para a Itália:




Grandes amigos de uma vida inteira!

Rui - Meirinha - Assis


Rui e Meirinha


Em New York City no Latin Quarter Nightclub - 158 Broadway 
com 47th Street / Time Square - Aberto em 1942, antes do embarque para Itália.

93 missões de combate


Meirinha voando nos céus da Itália durante a Segunda Guerra Mundial:


Parte da "Green" (Rui - Meira - Assis):


A Linha “D” da “Green Flight” (Esquadrilha Verde). 


Na frente o D-4 do Rui, D-6 do Coelho e o D-5 do Meirinha.


Quarto da esquerda para direita nessa reportagem de 1944-45

Meirinha, como era conhecido, teve a carreira marcada por 93 missões de combate do 1° Grupo de Aviação de Caça (1°GAVCA) nos céus da Itália, pilotando o Republic P-47D Thunderbolt durante a campanha da Força Expedicionária Brasileira e da Força Aérea Brasileira, entre novembro de 1944 e maio de 1945. 






Roberto Tormim Costa - 
Piloto de combate da esquadrilha verde, tendo completado 65 missões de guerra.

José Rebelo Meira de Vasconcelos - 
Piloto de combate da esquadrilha verde, tendo completado 93 missões de guerra.

Rui Barbosa Moreira Lima - 
Piloto de combate da esquadrilha verde, tendo executado 94 missões de guerra.


Meirinha na Itália. Notem atrás dele na foto a aeronave B-25C Desert Lill’ no fundo:


Meirinha, Cauby e um “paisano” em Pisa, Itália- 1945:


Meirinha e Armando em Cannes num dia de folga em 1945:




Meirinha e Torres:









Considerada obsoleto e “cansado de guerra”, o velho B-25C 41-12872 atuou em combate no 82nd Bomber Squadron, do 12nd Bomb Group. Substituído na sua função de bombardeiro médio por aeronaves mais novas e melhor armadas, o B-25C, batizado com o nome de Desert Lil’ pelos seus primeiros usuários, foi colocado à disposição, convertido em transporte pela remoção do seu armamento, e alocado ao 1º Grupo de Caça, então baseado em Pisa, na Toscana.

Lenço em Cream silk/rayon 88 x 88cm  "1944 Jacqmar USAAF 12th Air Force Scarf with Fighter & Bomber Aircraft & Plane Names Scarf" do Meirinha.


Alguns nomes de aeronaves: “JIG JIG”, “RIDGE RUNNER”, “HOO DOO HAWK”, “ACE OF PEARLS”, “Li’l HENRY”, “CULPEPPER JINX”, “LADY FROM HADES”, “LONESOME POLECAT”, “PISTOL PACKING MAMMA”, “BLACK SCORPION”, “RED THE WRECKER III”, etc.

*Patent and design #0140144 approved in 1944 and therefore, the “PATENT PENDING” mark dates the scarf to 1944.


Meirinha e Rui - 1945 - Provavelmente em Pisa:


Um dia de folga em Pisa - Dois soldados ingleses e um Sargento Técnico dos 12th USAAF conversam próximo a Torre Inclinada de Pisa com os nossos heróis (da esquerda para direita): Perdigão, Meirinha e Kopp:


Retorno para o Brasil trazendo os P-47 que estavam nos EUA:


Na chegada no Brasil:


Meirinha sendo condecorado pelo Ministro da Aeronáutica 
Salgado Filho, com a presença do Presidente Getúlio Vargas:




Meirinha e Rui na Base Aérea de Santa Cruz de 1946:


No ano de 1947, o então Capitão-Aviador Meira, liderando um grupo de Oficiais Aviadores da FAB, tornou-se, no Estado do Arizona, EUA, o Primeiro Piloto de Caça brasileiro a voar um Caça a Jato, um Lockheed P-80. Desta feita, o País ingressou na Era da Reação, apenas dois anos após a Segunda Grande Guerra.




Depoimento do Meira sobre o F-80 no "A Caça Brasileira - Nascida em Combate" 
- Action Editora (1993) ISBN-10: 8585654015 ISBN-13: 978-8585654016



Grato Vicente Vazquez!

Após a guerra, ele foi instrutor do Curso de Formação de Pilotos de Caça, instrutor da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, comandante da Escola de Bombardeio Médio, ajudante de Ordens do Ministro da Aeronáutica, comandante do 2º Grupo de Transporte, instrutor da Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáutica e membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra.

Durante o conflito mundial o então Tenente Meira era comandado pelo Major Nero Moura, que mais tarde assumiria o cargo de Ministro da Aeronáutica em 1951.


O Meirinha, casado havia pouco tempo, chegou em Recife, foi convocado pelo Ministro Nero Moura de forma enfática: “Esteja em meu Gabinete, aqui no Rio de Janeiro, amanhã às 15 horas”. Ainda que tentasse argumentar, a confirmação do Ministro teve igual ênfase: “Esteja em meu Gabinete amanhã às 15 horas”.

Foi designado então Oficial de Gabinete e Ajudante de Ordens do Ministro da Aeronáutica. Em um cenário distinto do vivido na campanha da Itália, os amigos voltavam a conviver.

Reformou-se em outubro de 1966 no posto de major-brigadeiro, com 6 mil horas de voo, a maior parte na aviação de caça e transporte.

A “Green” (Meirinha, Assis, Lagares e Rui) numa das reuniões do Grupo após a guerra no apto do Brig Nero Moura (atrás deles o quadro das condecorações do Comandante):


Foi ainda superintendente da Sondotécnica Engenharia de Solos, diretor-administrativo da Sondoplan Planejamento, Pesquisa e Análise, superintendente de Coordenação da VASP, presidente da empresa aérea Brasil Central e vice-presidente executivo da Brink’s S/A.



No pós-guerra, de retorno ao Brasil cada um seguiu seu caminho, fazendo brilhantes carreiras. Praticamente todos ligados a aviação. Os últimos remanescentes desse famoso grupo formaram o "BRO FLY IN".

Idealizado pelo Instituto Arruda Botelho (IAB), organização que tem como princípio a preservação do meio ambiente e do patrimônio cultural, histórico e artístico do Brasil, o Projeto Demoiselle presta justa homenagem ao poder criativo de Alberto Santos-Dumont. A missão do projeto é resgatar a história da aviação e divulgar o nome deste herói brasileiro e sua contribuição para o desenvolvimento da história da aviação mundial.

Com este objetivo, o IAB iniciou em 2004 a construção de réplicas do Demoiselle, segundo avião de Santos-Dumont, menos conhecido que o 14 Bis, mas de excepcional estrutura, que influenciou toda a indústria da aviação – especialmente a européia – no começo do século XX.

Já foram fabricadas cinco réplicas, projetadas a partir de desenhos do Demoiselle publicados na revista Mecânica Popular, de 1910, e de cópias das plantas do Musée de L´Air et de L´Espace, de Paris. Pequenas adaptações foram feitas apenas para aumentar a segurança. O avião original, em bambu, deu lugar a réplicas construídas com alumínio. Algumas medidas foram alteradas para se adequar ao tamanho dos pilotos, já que Santos-Dumont tinha 1,52 m e pesava 50 kg.

A conclusão da primeira réplica do Demoiselle, em 2005, foi o marco inicial das ações do IAB em prol do resgate histórico de Santos-Dumont, mostrando ao Brasil e ao mundo os feitos do pioneiro e sua contribuição para a aviação mundial.

Em Junho de 2006, um convite oficial para o voo nos Estados Unidos veio de Amanda Wright Lane, sobrinha-bisneta dos norte-americanos Orville e Wilbur Wright.

O Demoiselle foi exposto no Sinclair Community College, tradicional faculdade em Dayton (Ohio/EUA), de 12 a 28 de Setembro, recebendo visitação de 2 mil pessoas por dia. Esta foi a primeira exposição do Demoiselle nos Estados Unidos, refletindo a iniciativa do IAB em divulgar o nome de Santos-Dumont e contribuir para o desenvolvimento da história da aviação mundial.

No dia 30, a realização do sonho enfim chegou. Em parceria com a National Aviation Heritage Área (NAHA) e a Aviation Heritage Foundation , o Instituto Arruda Botelho realizou em Dayton (EUA) o primeiro vôo conjunto de réplicas do Flyer B e do Demoiselle, entrando para a história da aviação mundial, um século depois do histórico vôo de Santos-Dumont com o 14-Bis, em Paris. Esta foi a primeira vez que um brasileiro (Fernando de Arruda Botelho, presidente do IAB) voou fora do Brasil com uma réplica da aeronave de Santos-Dumont.

Além de inédito, o vôo conjunto do Demoiselle com o Flyer contou com testemunhas históricas. O IAB levou seis brigadeiros brasileiros para acompanhar o evento. Entre eles, três combatentes na 2ª Guerra Mundial (Brigadeiros Rui Moreira Lima, José Rebelo Meira de Vasconcelos e Fernando Correa Rocha), que serviram no Esquadrão 350 dos Estados Unidos. Na ocasião, em Dayton, os ex-combatentes brasileiros, bem como os norte-americanos que formavam o Esquadrão 350, foram homenageados no Air Force Museum.

Fonte: http://www2.anac.gov.br/feira/demoiselle_iab.html

O Meirinha usou a jaqueta abaixo nos EUA:





Foto tira em S. Francisco, EUA. Nessa ocasião, a FAB condecorou com a medalha Santos Dumont os irmãos Dow e John, este último instrutor de voo dos brasileiros no Panamá. Junto com o casal Meirinha e Maria do Carmo, estão o veterano do Senta a púa Theobaldo Antônio Kopp e a sua esposa Yvone.



Da esquerda para direita na foto:

Don - Mary - Kopp - Beth - Yvone - John - Maah - Meira - Elisabeth - Hund


Essas foram suas condecorações: Campanha da Itália, Campanha do Atlântico Sul, Cruz da Aviação fita A, Ordem do Mérito Aeronáutico, Medalha Militar de Ouro, por 30 anos de bons serviços, Medalha do Pacificador, Distinguished Flying Cross (EUA), Air Medal com 4 palmas (EUA), Croix de Guerre com 1 palma (França), e Presidential Unit Citation (EUA).












Caricatura feita pelo Brig Fortunato do Brig Meira numa das reuniões 
do Grupo na casa do Brig Nero Moura em 1972:


Membros da FAB presentes à cerimônia de inauguração do monumento aos 350th em Dayton em 1988 - Nero Moura, Josino Maia de Assis, Othon Correa Netto, José Rebelo Meira de Vasconcelos, Theobaldo Antonio Kopp, Newton Neiva de Figueiredo, Hélio Langsch Keller, Paulo Costa, Rui Barbosa Moreira Lima, Renato Goulart Pereira, Willer Persio, Mario Antonio Rodrigues, João de Barros Torres, Alberto Martins Torres, Ferdinando B. Serra Berredo, Osias Machado Silva, Waldemar Braga, Raymundo da Costa Canário, Fernando Correa Rocha, Adolfo da Rocha Furtado, José Varela, Délio Gonçalves, Darci Souza Dias, Vicente Silveira, Newton Alves Leite, Gelmo José Michelloni, David Rosal Gabriel, Heródoto de Campos:



O major-brigadeiro do ar José Rebelo Meira de Vasconcelos, veterano da Segunda Guerra Mundial, morreu neste sábado (30), aos 90 anos, de enfarte no Hospital Central da Aeronáutica, no Rio Comprido, na Zona Norte do Rio, onde estava internado com pneumonia. O corpo dele foi sepultado no mesmo dia, no Cemitério São João Batista, na Zona Sul. 

Meirinha deixa viúva Maria do Carmo Pessoa Meira de Vasconcelos (Maah), os três filhos e quatro netos.




Moção da Câmara Municipal do Rio de Janeiro 
para o Meirinha no dia 08 de Maio de 2006 (Dia da Vitória):


Brig Rui e Brig Meirinha com o busto do Brig Nero Moura, Cel Ronconi e 
sua esposa, Maj Méd Michelle (na época da foto, respectivamente Cap e Ten):


Maah e Meirinha com a esposa do Delmore John:


Meirinha e Maah com o casal Glenn e Marybeth Dow:


Residência do Gen Desosway na Louisiana - Agosto de 1991: 
filha do Gen, Gen Desosway, Rui e Meirinha.


Salt Lake City, Agosto 1991
Rui e Meirinha na residência de Del More.


"Seu legado de profissionalismo, vibração e amor pela Força Aérea Brasileira será sempre lembrado por esta instituição que ele ajudou a construir", disse, em nota, o brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica.


Meirinha e Rui:


Gilda, filha do Meirinha, num dos almoços "Picadinho":


JAMAIS SERÁ ESQUECIDO!!

Um comentário:

  1. Nosso querido Brigadeiro Meira, em família, Zequinha... quanta falta nos faz a sua capacidade de análise objetiva e sempre ponderada, sua presença única nas reuniões familiares, seu porte anímico aliado a postura "low-profile", simplicidade aliada a grandeza, medalhas de honra à flor da alma. Sua partida, ensejo da instauração de uma lacuna cuja dimensão ombreia a distância daqui à França, país que instou seu próprio corpo diplomático a velar, com profundo respeito, suas exéquias, um heroi francês no Brasil...Que o nosso país possa sempre reconhecer, proteger e velar todos os seus próprios herois.

    ResponderExcluir