quinta-feira, 12 de março de 2020

Min Joaquim Pedro Salgado Filho - In Memoriam

Min Joaquim Pedro Salgado Filho - In Memoriam:


Joaquim Pedro Salgado Filho nasceu em Porto Alegre no dia 2 de julho de 1888, filho do coronel Joaquim Pedro Salgado e de Maria José Palmeiro Salgado.

Após haver concluído o curso de humanidades, matriculou-se na Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, bacharelando-se em 1908. Ainda nesse ano, incorporou-se ao 1º Batalhão de Infantaria, tendo servido no período de julho a setembro como voluntário de manobras.


Em 6 de abril de 1932, Salgado Filho foi nomeado ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, em substituição a Lindolfo Collor, que também se exonerara por ocasião do empastelamento do Diário Carioca. Pouco depois de sua posse, presidiu a Conferência Nacional dos Trabalhadores, promovida pela recém-criada Federação do Trabalho. Em maio de 1932, instituiu as comissões mistas de conciliação, destinadas a resolver os dissídios entre empregados e empregadores, e regulamentou as condições de trabalho das mulheres na indústria e no comércio.

No dia 20 de janeiro de 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, Salgado Filho foi nomeado para o recém-criado Ministério da Aeronáutica, tendo sido seu primeiro titular. Sua gestão foi marcada pela necessidade de unificar os serviços aéreos da Marinha e do Exército e os respectivos centros de treinamento, assim como de intensificar a formação de pessoal, base de todo o programa de expansão das forças aéreas nacionais, denominação que, em maio de 1941, foi modificada para Força Aérea Brasileira (FAB). Durante todo o ano de 1941, o gabinete técnico da pasta da Aeronáutica realizou estudos e elaborou a organização do próprio ministério e de suas diretorias.


Em fevereiro desse ano, com a contribuição decisiva do coronel Eduardo Gomes, foi criado o Correio Aéreo Nacional (CAN), resultante da fusão do Correio Aéreo Militar com o Correio Aéreo Naval.
Em março, Salgado Filho extinguiu a Escola de Aviação do Exército e a Escola de Aviação Naval. Simultaneamente, criou no Campo dos Afonsos, no Distrito Federal, a Escola de Aeronáutica, que passou a centralizar todos os cursos de formação de oficiais da força aérea. Organizou também a Escola de Especialistas da Aeronáutica, localizada na ponta do Galeão, no Distrito Federal, dedicada à formação de sargentos. Posteriormente, para evitar a sobrecarga da Escola de Aeronáutica, viria a criar o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva da Aeronáutica (CPORAer, em agosto de 1942) e o Centro de Instrução Pré-Aeronáutica (setembro de 1942), também destinado ao pessoal da reserva. Adotou ainda como política a aquisição de aviões, pois os que existiam — tanto os de instrução quanto os do CAN, os de transporte e os de guerra — eram insuficientes.

Em 1941, com o desenvolvimento da Segunda Guerra Mundial e, principalmente, com a ocupação do norte da África pelas forças do Eixo, os EUA aumentaram sua pressão sobre o governo brasileiro, ainda neutro em relação ao conflito. Preocupavam-se os norte-americanos com a defesa do hemisfério e com a necessidade de abastecer as forças aliadas que ainda resistiam no território africano.

Paralelamente, o Ministério da Aeronáutica observou a necessidade urgente de construir e equipar as bases aéreas do Norte e do Nordeste, de modo a estabelecer uma rota que permitisse aos aviões norte-americanos atingirem a África e, desse modo, levar suprimento aos Aliados. Em julho de 1941, Salgado Filho assinou autorização para que a Panair do Brasil, subsidiária da Pan American Airways, iniciasse no país, com financiamento norte-americano, obras de construção e melhoramento de vários aeroportos e bases aéreas. A rota que se estabeleceu, o “Corredor da Vitória”, proporcionou um apoio de grande importância quando os Aliados invadiram o norte da África e desencadearam a campanha da Itália.

Ainda por essa época, os EUA consultaram o governo federal sobre a possibilidade de o Brasil atuar, caso houvesse solicitação de Portugal, na defesa das ilhas dos Açores e Cabo Verde, vitais para a manutenção da remessa de suprimentos às forças inglesas que lutavam no norte da África. Na oportunidade, o presidente da República, Getúlio Vargas, reuniu-se com seus ministros, os quais, de modo geral, fizeram restrições à participação do Brasil nas medidas preventivas solicitadas pelos EUA.

Em 27 de julho de 1941, Salgado Filho enviou a Vargas um parecer no qual relacionava suas objeções. Atentando para o despreparo material, e mesmo técnico, da FAB, afirmou no documento que a atuação do Brasil na defesa dos pontos básicos da segurança norte-americana só poderia dar-se eficazmente se o país recebesse os recursos já solicitados.



Ao longo do ano de 1941, Salgado Filho sofreu novas pressões do governo dos EUA, dessa vez para que eliminasse as concessões de linhas aéreas a companhias dos países do Eixo, principalmente a empresa Linhas Aéreas Transcontinentais Italianas (LATI), que fazia a ligação do Brasil com algumas nações europeias.  Ao mesmo tempo, Salgado Filho instruiu a FAB para que colaborasse na proteção aérea à navegação costeira, trabalho facilitado pelos norte-americanos, que forneceram aviões de guerra.



Da esquerda para direita, Pamplona, o oficial de ligação do US Army Vernon Walters e ao centro o Ministro da Aeronáutica, Dr Salgado Filho:



Em fins de 1943, o governo brasileiro decidiu enviar à Europa um contingente expedicionário que deveria atuar junto às forças norte-americanas. Nessa ocasião, Salgado Filho determinou que a FAB acompanhasse a tropa do Exército às áreas de operações do Mediterrâneo. Para isso, organizou o 1º Grupo de Caça e a Esquadrilha de Ligação e Observação (ELO). 



Em janeiro de 1944, esses dois corpos seguiram para os EUA, onde os oficiais brasileiros receberam o treinamento necessário na Escola de Tática Aérea Aplicada da Aviação do Exército norte-americano. Somente em outubro desse ano o grupo desembarcou em Livorno, na Itália, integrando-se à força aérea aliada no Mediterrâneo.


No início de dezembro de 1944, Salgado Filho chegou à localidade italiana de Porretta Terme, tendo visitado o 1º Grupo de Caça, a ELO e o quartel-general das forças brasileiras, onde se avistou com o general João Batista Mascarenhas de Morais e com autoridades militares aliadas. Nessa ocasião, foi informado da precariedade da situação do campo de batalha durante o quarto combate de Monte Castelo (Itália).

Permaneceu no Ministério da Aeronáutica até 29 de outubro de 1945, data da deposição de Getúlio Vargas. 

No pleito suplementar de janeiro de 1947, Salgado Filho foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul.
Faleceu  no dia 30 de julho de 1950, quando se acidentou o avião em que se encontrava, vitimando também toda a sua comitiva. Em sua homenagem, o aeroporto de Porto Alegre passou a chamar-se Aeroporto Salgado Filho.

Um homem solidário e administrador público irrepreensível. 

Jamais serão esquecidos!

Fonte de dados: CPDOC FGV

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