Order Of Dannebrog - Commander 1st Class:
Cristiano X (Charlottenlund, 26 de setembro de 1870 – Copenhague, 20 de abril de 1947) foi o Rei da Dinamarca de 1912 até sua morte e também o único Rei da Islândia de 1918 até 1944. Foi o terceiro monarca dinamarquês da Casa de Eslésvico-Holsácia-Sonderburgo-Glucksburgo e o primeiro membro de sua família desde o rei Frederico VII a nascer dentro da família real dinamarquesa; tanto seu pai quanto seu avô eram príncipes germânicos. Era também irmão do rei Haakon VII da Noruega.
Às 4 da manhã do dia 9 de Abril de 1940, a Alemanha invadiu a Dinamarca num ataque surpresa, apanhando o Exército e a Marinha da Dinamarca desprevenidos e destruindo a sua força aérea. Cristiano X percebeu imediatamente que a Dinamarca se encontrava numa posição impossível. O seu território e população eram demasiado reduzidos para conseguir resistir à Alemanha durante um período de tempo sustentável. O seu território plano seria facilmente trilhado pelos tanques alemães; a Jutlândia, por exemplo, seria facilmente conquistada pelos tanques alemães a partir de Schleswig-Holstein que ficava imediatamente a sul. Ao contrário dos seus vizinhos nórdicos, a Dinamarca não possuía montanhas nas quais seria possível montar uma linha de resistência. Sem perspectivas de conseguir segurar a sua posição durante muito tempo, confrontado com uma ameaça explícita de um bombardeamento da Luftwaffe que tinha como alvo a população civil de Copenhage e apenas com um general a favor de continuar a lutar, Cristiano X e todo o governo dinamarquês capitularam perto das 6 da manhã, em troca de permanecerem independentes na sua política doméstica, dando assim início à ocupação da Dinamarca que duraria até 5 de Maio de 1945.
Apesar de a sua popularidade ter sido abalada devido a este episódio, durante a ocupação alemã da Dinamarca, Cristiano acabaria por se tornar num símbolo popular da resistência aos alemães, principalmente devido ao seu hábito simbólico de andar todos os dias de cavalo pelas ruas de Copenhage sem a companhia dos seus guardas. Também se tornou o protagonista de uma lenda urbana que diz que, durante a ocupação Nazi, usou a Estrela de David, como gesto de solidariedade para com os judeus da Dinamarca. Os judeus da Dinamarca não eram obrigados a usar a Estrela de David, no entanto, esta lenda provavelmente surgiu de um relatório britânico datado de 1942, no qual o rei terá ameaçado usar a estrela se os judeus do seu país fossem obrigados a fazer o mesmo. Esta afirmação também pode ser encontrada no diário pessoal do rei, no qual ele escreveu o seguinteː
"Quando vemos o tratamento desumano que estão a dar aos judeus, não só na Alemanha, mas também nos países ocupados, começamos a preocupar-nos que esse desafio também nos seja colocado a nós, mas temos de o recusar claramente, uma vez que eles se encontram protegidos pela constituição dinamarquesa. Afirmei que não poderia cumprir essa exigência junto dos cidadãos dinamarqueses. Se essa exigência fosse feita, o melhor a fazer seria usarmos todos a Estrela de David."
Além disso, também ajudou a financiar o transporte de judeus dinamarqueses para a Suécia, que ainda não tinha sido ocupada, e estava livre da perseguição dos Nazis.
Com um reinado que se prolongou pelas duas guerras mundiais, e devido ao seu papel como símbolo de união do sentimento nacionalista da Dinamarca durante a ocupação alemã, Cristiano X tornou-se um dos monarcas dinamarqueses mais populares dos tempos modernos.
Dinamarca, um país Justo entre as Nações:
O destino da comunidade judaica durante a ocupação nazista foi em grande parte determinado pela postura dos dinamarqueses quanto aos judeus de seu país. Na Dinamarca, eles continuaram a ser cidadãos com plenos direitos. Diferentemente do que ocorrera em outras partes, as autoridades locais não exigiram que eles registrassem propriedades e bens – que jamais foram confiscados – nem foram demitidos de seus empregos, além de não haver qualquer restrição à sua movimentação seja de dia ou de noite.
A recusa do governo em adotar medidas discriminatórias contra os judeus e o apoio aberto do rei Cristiano X à comunidade judaica deram origem a uma história apócrifa: quando os nazistas exigiram que os judeus usassem a Estrela de David em suas roupas, o monarca foi o primeiro a usá-la, sendo seguido por toda a população. Na realidade, jamais foi cogitado que os judeus dinamarqueses usassem a Estrela. Apesar de não ser verdadeira, essa história reflete a firme posição do rei em relação aos judeus de seu reino. Os alemães periodicamente questionavam o status dos judeus dinamarqueses, mas o governo sistematicamente respondia que na Dinamarca não havia nenhum “Problema Judaico”. Os judeus eram cidadãos como todos os demais e como tal seriam tratados.
A opinião do povo dinamarquês foi expressa claramente em 1942, pelo professor Koch, líder da União Dinamarquesa de Movimentos Juvenis. Em resposta a declarações feitas por um jornal pró-nazista local, Koch afirmou que qualquer tipo de “sugestão” de adoção de alguma medida que pudesse vir a prejudicar a vida dos judeus deveria ser categoricamente rejeitada, “pois esta era uma questão tanto de justiça e respeito aos judeus quanto da preservação da liberdade e da lei dinamarquesas”.
Perante o firme posicionamento dos dinamarqueses, Berlim sabia que não seria “oportuno” atacar a pequena comunidade judaica local, pelo menos enquanto o governo se mantivesse cooperativo.
Houve uma única mancha, recém-descoberta, na postura das autoridades dinamarquesas. Entre 1940 e 1943, o governo expulsou, para a Alemanha, 21 refugiados judeus. E esse número poderia ter sido bem maior se os partidários de uma maior cooperação com os nazistas tivessem agido mais livremente. Estes fatos vieram à tona em 1997, durante pesquisas sobre refugiados judeus na Islândia. Até então, os historiadores dinamarqueses acreditavam que nenhum judeu havia sido expulso da Dinamarca durante a ocupação nazista.
Mas, de modo geral, a vida judaica sob ocupação nazista seguiu sem sobressaltos . A comunidade continuou a funcionar normalmente inclusive mantendo os serviços religiosos. Houve duas tentativas de incendiar a sinagoga de Copenhague – em 1941 e 1942, mas a intervenção policial a tempo, com a prisão dos culpados, evitou a tragédia.
A situação vai mudar drasticamente em agosto de 1943.
Em setembro de 1943, ao tomar conhecimento de que os nazistas iriam deportar a população judaica, dinamarqueses de todos os escalões da sociedade e de todos os cantos do país, rapidamente uniram esforços e conseguiram salvar 7.200 judeus, praticamente todos os que viviam no país. Nenhum outro povo, em toda a Europa continental, agiu de tal forma. Como os cidadãos coletivamente agiram para salvar toda a comunidade, o Yad Vashem declarou o país, como um todo, Justo entre as Nações.
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