Nome de Guerra: Joel
Patente/Registro: Capitão Aviador / BO-221
Nascimento: 14/10/1912, Taquaritinga (SP) - Brasil
Falecimento: 09/09/2000, N/D
Função: Piloto de Combate
Preciosidade achada pela Regina Moura, filha do Danilo!
Nessa data foi abatido pela artilharia antiaérea alemã. Saltou de paraquedas a muito baixa altura e de tão baixo que estava, aterrizou violentamente de cabeça para baixo sofrendo escoriações no rosto, teve o pé direito luxado e uma grave fratura na cabeça do úmero do braço esquerdo.
Preciosidade achada pela Regina Moura, filha do Danilo!
Fotografia do Danilo quando fez parte em 1938 da 1ª Turma do Breve de Piloto que foi aberta em Canoas. O Joel Miranda foi instrutor. Ambos depois foram para a Guerra juntos no 1° Grupo de Aviação de Caça
Na Campanha da Itália comandou a Esquadrilha Amarela até o dia 04 de fevereiro de 1945.
Nessa data foi abatido pela artilharia antiaérea alemã. Saltou de paraquedas a muito baixa altura e de tão baixo que estava, aterrizou violentamente de cabeça para baixo sofrendo escoriações no rosto, teve o pé direito luxado e uma grave fratura na cabeça do úmero do braço esquerdo.
O nevoeiro que o prejudicou durante a missão ajudou a salvá-lo na sua dramática escapada com os Partisans - guerrilheiros italianos - que o acolheram e esconderam até o final da guerra. Foi também naquele fim de tarde que a Esquadrilha Amarela deixou de operar em Pisa. Acabou. Havia sido criada em Aguadulce, Panamá. Era composta de oito pilotos. Um deles, o Gastaldoni, ficou em Aguadulce. Foi a primeira cruz que marcou a perda de um companheiro do Grupo.
Durante a adaptação ao P-47 Thunderbolt em Suffolk, EUA, Joel recebeu mais dois pilotos: Pessoa Ramos e Rocha. Durante a guerra, sua esquadrilha perdeu o Ismar retirado do voo por estar doente; Motta Paes, abatido e feito prisioneiro; Medeiros, morto em combate; Brandini, abatido e feito prisioneiro; e o próprio Joel, abatido e acolhido pelos Partisans.
Sobraram; Pessoa Ramos, Rocha, Lara e Dornelles. Diante de tantas baixas e das baixas também existentes nas outras esquadrilhas, o Comandante Nero Moura desativou a Amarela, distribuindo os pilotos remanescentes entre as outras três: Vermelha, Azul e a Verde. Seis dias antes do final da guerra, Dornelles morreu em combate em Alessandria.
O filme Senta a Pua! Da BSB Cinema, do jovem cineasta Erik de Castro, reproduz o depoimento do Joel narrando os 108 dias vividos por ele sob a proteção dos partisans. Entre os perigos citados, descreve as duas vezes em que foi atendido clandestinamente no hospital de sangue dos alemães. Na primeira, para radiografar a luxação do pé direito e a extensão da gravidade da fratura no braço esquerdo. Oito dias depois voltou ao hospital para realizar a cirurgia, esta sob anestesia geral com clorofórmio.
Além do detalhe do planejamento da ação, vale ressaltar a coragem dos coadjuvantes: as irmãs de caridade que distraíram os médicos alemães enquanto Joel se operava; as enfermeiras que participaram da cirurgia que efetuou a redução da fratura; o próprio Joel, que ao entrar no hospital pensou baixo: "agora entrei na cova do lobo" e todos aqueles bravos patriotas italianos - os partisans, homens e mulheres - empenhados naquele tipo de guerra em que salvar aliados fugitivos era uma de suas missões prioritárias.
Joel foi-lhes grato enquanto viveu. Nunca perdeu a oportunidade de exaltá-los como guerreiros sem medo. Tinha razão. Viveu mais de três meses em seu território. Sentiu fome e frio com eles e junto com eles enfrentou a morte bem de perto. Em nossas reuniões anuais de Jambocks, relembrava comovido a solidariedade dos seus amigos partisans.
Joel nasceu na Fazenda Cachoeira, a 15 quilômetros de Taquaritinga, SP em 14/10/1912 sob a supervisão da parteira espanhola - Srª Manoela - responsável pela maioria das crianças nascidas na região. Segundo ele, naquele tempo, os médicos eram raros. Atuavam somente nas cidades. Seus pais Orestes Miranda e Francisca Pinto Miranda, tiveram cinco filhos: Eurico, Joel, Abelardo, Anúbis, Maria Francisca e Orestes.
Os irmãos Anúbis e Maria Francisca faleceram em 1919 na famosa epidemia da Gripe Espanhola. A fazenda Cachoeira viveu o ciclo do ouro do café. Era de porte médio, tendo como trabalhadores vinte e seis famílias de colonos italianos e algumas de origem alemã, espanhola e brasileira.
Joel foi criado livre, convivendo com os filhos dos colonos, pescando, caçando e estudando na mesma escola deles - propriedade dos Miranda - dirigida pela professora D. Maricas que o chamava carinhosamente de "moleque travesso". Aos dez anos, Dr Orestes o presenteou com uma espingarda Flaubert de 9mm e um rifle .22.
Aprendeu a atirar cedo e gostava de atirar em alvos em movimento, o que lhe deu uma noção, ainda menino, da correção certa para o tiro. Mais tarde, durante o treinamento de tiro aéreo em Aguadulce e Suffolk, foi bem classificado na modalidade. Fez o curso ginasial no famoso colégio metodista de Juiz de Fora, MG - O Gramberry College - terminando em 1930, ao atingir 18 anos.
Na ocasião, 03/10/1930, estourou a revolução que interrompeu o processo democrático no Brasil. Júlio Prestes, que fora eleito no voto, foi substituído pelo Governo Provisório do Presidente Getúlio Vargas.
Na perspectiva de uma reação armada ao Golpe de Getúlio, Joel alistou-se para lutar como voluntário no 19º Regimento de Infantaria de Juiz de Fora. Sentou praça em 14/10/1930 e foi designado municiador de uma unidade móvel de metralhadoras. Oito dias depois, D. Francisca foi a Juiz de Fora, conversou com o Comandante do 19º e levou o recruta para Taquaritinga.
Naquela época seu pai já falecido - 1926 e tinha havido a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 com a conseqüente crise financeira. O café perdeu a cotação e seu principal comprador - os Estados Unidos - o país que mais sofreu com a crise, interrompeu a importação do café brasileiro. O produto que até então havia sido fonte de riqueza passou a ser um pesadelo para quem o possuía.
A Fazenda Cachoeira tinha como atividade fim plantar, colher e comercializar o café que produzia. D. Francisca, agora veterana no mercado, tomou as providências necessárias para manter Cachoeira viva, e uma delas, era prosseguir com a educação dos filhos. Em 1930, Eurico já estudante de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo, Abelardo foi estudar Agronomia em Piracicaba e Joel foi para o Rio de Janeiro para estudar medicina.
Acontece que Joel não escolheu sua profissão - sua mãe é que queria vê-lo médico. Ao chegar no Rio, por motivos burocráticos, não conseguiu se inscrever no exame vestibular,. Passou janeiro,fevereiro e março vivendo e convivendo com o verão carioca com o direito às praias, ao Carnaval e a todas as atividades turísticas oferecidas pela cidade maravilhosa.
Quando regressou a Cachoeira, à guisa de fazer surpresa, bateu palmas lá fora D. Francisca, de longe, não o reconheceu de imediato e disse à Maria Preta, velha servidora da família: "Vai lá fora e pergunta o que deseja esse mulato" O sol de Copacabana foi responsável pelo equívoco de D. Francisca.
Nesse encontro de família - período de férias - Francisca Miranda decidiu mudar-se para a capital, deixando Joel à frente da Fazenda, mantendo Eurico e Abelardo estudando direito e agronomia e levando com ela para São Paulo o pequeno Orestes - hoje Major Brigadeiro da FAB. O momento político no País era de plena agitação.
Foi nomeado governador do estado o Tenente do Exército João Alberto. O brio paulista foi ofendido. São Paulo, por ser o estado mais rico da União foi obviamente o mais atingido pela crise financeira de 1929, principalmente os chamados "barões do café".
Em 1932 explodiu a Revolução Constitucionalista em São Paulo. Durante a mobilização militar, D. Francisca apresentou-se como voluntária. Foi admitida como organizadora de comitês de distribuição de vestuários, gêneros alimentícios e outros serviços.
Valeu sua experiência de fazendeira em Tabatinga, onde ficou conhecida a partir de 1926, como a primeira mulher da cidade a exercer essa função sendo também a primeira a entrar em uma agência bancária para negociar créditos. Joel teve a quem sair.
Com a vitória das forças legalistas Joel voltou ao Rio em 1933 para estudar, desta vez tentar o que sempre quis ser - oficial do Exército. Ingressou na Escola Militar de Realengo em 1935, sendo declarado Aspirante no final de 1937, na Arma de Aviação. Aprendeu a voar na Escola de Aviação Militar - Campo dos Afonsos. Como Cadete, conviveu com dois episódios: a Revolução Comunista de 1935 e a transformação do Governo Provisório na ditadura do Estado Novo, em 1937.
Repetia sempre que ambos enriqueceram sua experiência de vida, como militar e como homem. Em 1938 - 2º Tenente - foi designado para servir no 1º Regimento de Aviação em Canoas, Porto Alegre. Foi nos pampas do sul que se realizou como piloto. Adquiriu grande experiência voando os velhos aviões do Correio Aéreo Militar - Waco CSO - e os Corsários - aviões de ataque - onde pela primeira vez realizou missões de tiro e bombardeio, cumprindo um programa de piloto militar.
Deixou a Base de Canoas - 3º Regimento - em 1940 e foi servir no Campo de Marte, onde permaneceu até 1942. Ali aprimorou sua pilotagem voando os mais diversos aviões para aquele Parque fazer revisão geral. Paralelamente, voava com os companheiros do 2º Regimento de Aviação sediado em Marte, nas rotas do Correio Aéreo de Goiás Velho e Tocantins. Cedo se tornou um veterano do Correio Aéreo Nacional.
Viveu com entusiasmo as aventuras de nossa aviação na transição do arco-e-flecha para a era pós-Segunda Guerra Mundial. Inúmeras vezes realizou pousos forçados em locais em que o piloto e o mecânico tinham que - eles mesmos - tirar a pane do motor e fazer pequenos reparos na estrutura do avião. Sua passagem pelo Campo de Marte foi considerada por ele como um mestrado na arte de voar.
Em 1942 foi convidado para ser o ajudante-de-ordem do Ministro Salgado Filho. No Gabinete conheceu, conviveu e tornou-se amigo do Capitão Nero Moura, piloto do Presidente Getúlio Vargas e comandante da Seção de Aviões de Comando, o embrião formador do hoje Grupo de Transporte Especial.
Em 1943 foi criado o 1º Grupo de Aviação de Caça que combateu durante a 2º Guerra Mundial nos céus da Itália, sendo nomeado comandante o Major Aviador Nero Moura. Entre os 32 voluntários escolhidos por ele para formarem a vanguarda de seus homens- chave, estava Joel. Comandou a 2º Esquadrilha, a Amarela, aquela que foi desativada quando ele foi abatido pelo fogo antiaéreo em Castelfranco, no dia quatro de fevereiro de 1945.
Joel casou-se em 1938. Sonhava ter uma família com muitos filhos. A esposa pensava diferente. Ao regressar da Guerra em 1945, poucos anos depois, divorciou-se. Sete anos mais e refez seu lar casando com Palmira Stecchini Miranda, com quem viveu o resto de sua vida.
Realizou o sonho inicial de ter uma família. Suas cinco filhas - Paula, Fernanda, Cláudia, Mônica e Renata - e sua esposa Palmira foram a razão de sua vida. Quando Joel envelheceu, Palmira, filhas, genros e netos o assistiram em todos os momentos.
Retornando para casa ... recepção em Washington DC:
Lagares, Joel, Nero, General da USAAF e Kopp:
Quando descia de Atibaia para atender a alguma solenidade militar em São Paulo, havia sempre uma delas a seu lado. Ele que sempre foi um homem comedido e reservado, perto delas - mulher e filhas - tornava-se alegre, expansivo e "impetuoso" também. Voltava a ser um Jambock do 1º Grupo de Caça, o Capitão Comandante da Yellow Flight.
Foi cadete em 1935; Aspirante e Tenente em 1937; Capitão em 1943; Major em 1947; Tenente-Coronel em 1952; e Brigadeiro-doAr em 1958 quando pediu passagem para a reserva.
Recebeu 14 medalhas militares, das quais a metade durante a 2ª Guerra Mundial; Cruz de Aviação Fita A, Cruz de Aviação Fita B, Medalha de Campanha do Atlântico Sul, Medalha de Campanha da Itália, todas do Brasil, e mais a Distinguished Flying Cross da Inglaterra e a Air Medal dos Estados Unidos e a Croix de Guerre Avec Palme da França.
Na Itália, realizou 31 missões de combate.
Quando passou para a reserva - aos 46 anos - exerceu o cargo de Diretor Técnico na VASP por quatro anos e mais tarde como Gerente Regional da Brinks S. A onde trabalhou até o limite de idade, sendo aposentado como Conselheiro da empresa.
Joel Miranda deixou saudade e um legado de honradez e bravura para todos os que com ele conviveram: a família, seus camaradas veteranos do Senta a Pua e os pilotos e pessoal de apoio da jovem aviação de caça brasileira formada no pós-Segunda Guerra Mundial.
Fonte: http://www.abra-pc.com.br/ e www.sentandoapua.com.br
Jamais serão esquecidos!!
Tenho livro "Senta a Pua!" e filme, que trata destes grandes heróis brasileiros. A história do brigadeiro Joel Miranda entre outras, foi a que mais me emocionou muito. A história dele dá um belíssimo filme. Se pudesse queria ter uma cópia deste quadro abaixo para guardar com estima. Que Deus o guarde sempre!....
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