Projeto Museu da Vitória: Capa Ideal de Mario Bina Machado, Oficial de Cavalaria (Anos 40-50)

Capa Ideal de Mario Bina Machado,

Oficial de Cavalaria

(Anos 40-50)

Um artigo que foi igualmente marcante nos costumes dos gaúchos. A famosa Capa Ideal Renner, ao lado das facas, andou sempre com o gaúcho, peleando ou protegendo das intempéries do tempo sulista.

A historia da Capa Ideal:

Antonio Jacob Renner, de descendência alemã, quando jovem, foi aprendiz de ourives na joalheria Foernges, e também percorreu as veredas da serra gaúcha como musterreirer (caixeiro viajante) por 4 anos. Dessas andanças percebe a necessidade de mudança no vestuário diante das intempéries climáticas. O tradicional “Poncho” espécie de manta de lã usada pelos viajantes gaúchos, que não garantia o abrigo desejado em tempos de vento e chuva. Seu ideal: desenvolver um abrigo eficiente.

Já com algumas ideias sobre a necessidade de desenvolver novos produtos, decide abrir em 1911, com outros dois sócios, uma pequena fabrica fabrica têxtil em um velho galpão de tropeiros em São Sebastião do Caí.

Contudo, após o primeiro ano de funcionamento, foi necessário reformular o conceito inicial devido às grandes dificuldades da pequena fábrica, dentre elas o maquinário precário para época, com teares de madeira. É então percebida a necessidade de não apenas tecer os fios como também fiar. Surge a primeira inovação da empresa, a aquisição de dois teares mecânicos.

Nesse período A.J. Renner montou um pequeno laboratório para realizar experiências com tinturaria, tecelagem e filtragem, em que tinha como objetivo desenvolver um tecido impermeável. Sua ideia era desenvolver um produto diferenciado e mais eficiente do que o tradicional “Poncho”, algo como uma capa redonda de abotoar na frente, com aberturas laterais para a passagem das mãos, feita de tecido relativamente leve e impermeabilizado, com forro igualmente impermeável nos ombros e nos joelhos, que eram as partes mais expostas à infiltração da água da chuva naquela peça do vestuário gaúcho.

Adaptou uma máquina de costura em que procurava reproduzir os movimentos realizados durante a cavalgada, colocou também um chuveiro em cima da máquina de costura para observar a penetração da água. A partir desses inúmeros testes desenvolveu a modelagem e o tecido para o que viria ser um produto revolucionário na vestimenta dos gaúchos, a capa “IDEAL”, que foi oficialmente lançada em 1913.

Neste período a razão social foi mudada para A. J RENNER & CIA. Por volta de 1916 a Capa Ideal já estava consolidada no mercado, e foi totalmente adotada pelos gaúchos.

Depois de 1916 a A. J. RENNER & CIA continuou crescendo, trocou de endereço algumas vezes e sua razão social, vindo a ser a Renner dos dias atuais. A Renner chegou a criar outras capas ao longo do tempo, como a Coqueiro, Cidade, Orienta, Geral e Rival. Mas a que fez historia e a que ficou mesmo foi a Ideal. A Coqueiro e a 3 Coqueiros também ficaram conhecidas, porém mais recentes.

A Capa Ideal, desde sua criação, foi muito utilizada primeiramente pelos caixeiros viajantes e pelos tropeiros. Porém em 1923 veio a revolução, e logo ela foi adotada por ambos os lados como "uniforme de campanha". É bastante comum fotos de gaúchos vestidos com a capa na revolução de 1923 noperíodo de inverno .

Segundo registros, em 1931 foi liberado o uso facultativo da Capa Ideal para oficiais, aspirantes a oficial, subtenentes e sargentos como parte do uniforme do exercito, sob o pretexto de que a capa já havia sido adotada pelos soldados, e seu uso era comum entre as tropas, mesmo sem ser permitido. A única cor permitida pelo exercito era a verde oliva.

E assim se sucedeu em todas as outras escaramuças e feitos dos gaúchos, a capa sempre estava presente. A Capa Ideal pode ser vista em fotos nas revoluções de 1923, 1930, 1932. Também pode ser vista em fotos antigas da Brigada Militar e do Exercito Gaúcho.

Ao longo do tempo outras empresas copiaram a capa de A. J. Renner, mas a capa era patenteada, o que dificultava o surgimento da capa com outras marcas. A Companhia Fabril de Rio Grande fazia a Capa Gaúcha, mas esta era de menor tamanho e nunca chegou a fazer sucesso.