terça-feira, 16 de outubro de 2018

Ten Av R/2 Diomar Meneses - In Memoriam

Ten Av R/2 Diomar Meneses - In Memoriam:


Nome de Guerra: Meneses
Patente: Aspirante Aviador da Reserva Convocado
Registro : BO-170-1A
Nascimento: 10/07/1923,Jataí (GO)
Falecimento: 10/04/1946, Rio de Janeiro (RJ)


Nasceu  a  10  de  julho  de  1923,  na  cidade  de  Jataí  – GO.  Era  filho  de Sebastião  Gonçalves  de  Menezes  e  Levinda  Belmira  Menezes.  Ainda  criança  já despertava  simpatia  pela  sua  maneira  afável  e  curiosa  de  ser.  Conclui  o  primário  no Grupo   Escolar   João   Pessoa,   atual,   Colégio   Marcondes   de   Godoi   em   Jataí.  Muito cedo, acordou para a  vida que seria curta, mas plena e antes de completar 12 anos  foi  fazer  o  curso  ginasial  em  Uberlândia  –  MG.  Era  um  fervoroso  admirador  da aviação, e em 1942 matriculou-se no aeroclube dessa cidade.   Nesse mesmo ano foi diplomado  e  ingressou  na  turma  de  pilotos  de  Nelson  Cupertino,  e  com  17  anos  foi para  o  Rio  de  Janeiro  onde  se  aprimorou  como  piloto.

Logo  a  seguir  submeteu-se  a um  teste  para  bolsa  de  treinamento  de  voos,  em  Aegel  Pass,  no  Texas  –  Estado Unidos  da  América,  obtendo  um  brilhante  sucesso  e  em  seguida  seria inserido  no  1º Grupo de Aviação de Caça do Brasil. 


Para melhor compreendermos as ações de Diomar Menezes, faz-se necessário um pequeno relato sobre a criação do esquadrão a qual o referido aviador fez parte. Dessa  forma,  me  reporto  a  Rui  Moreira  Lima,  (Senta  a  Pua,  1980), apontando o início em 18 de Dezembro de 1943, quando o então presidente do Brasil, Getulio Vargas assinou o decreto lei nº 6.123, autorizando a criação do Primeiro Grupo de  Aviação  de  Caça  do  Brasil,  conhecido  como  (Senta  a  Pua),  sendo  nomeado  o Major  Nero  Moura  comandante  do  grupamento,  com  a  responsabilidade  de  liderar  o contingente dos melhores pilotos da nação brasileira.

No  comando  do  Grupo  de  Aviação,  o  Major  Nero  Moura selecionou  seus homens que  seguiram    em    1944    com    destino    aos    Estados    Unidos,    mais especificamente  na  região  de  Orlando  na  Florida,  para treinamento  na unidade  tática de combate, e posteriormente esse mesmo grupamento partiu para a Acqua Dulce, no Panamá, onde finalizaram as operações de aprimoramento nas táticas de combate. Ao término dos treinamentos, os aviadores brasileiros retornaram aos Estados Unidos e de lá navegaram abordo do navio (USS Colombíne), rumo à Itália para a ação real  nos  campos  de  batalha,  e  desembarcaram  no  Porto  de  Livorno,  no  dia  06  de Outubro  de  1944.  Em  seguida  Diomar  Menezes  foi  integrado  ao  seleto  grupo  de pilotos que já se encontravam em solo italiano. Na  Itália,  o  1º  Grupo  de  Aviação  Caça  do  Brasil,  passou  imediatamente  ao comando  do  Fighter  Group,  recebendo  o  nome  de  código  com  que  iria  operar: Jambock,  que  quer  dizer,  “Chicote de Rinoceronte”.  O  Fighter  Group  tinha  sobe  seu  controle operacional  quatro  esquadrões  de  caça,  três  americanos  e  um  brasileiro,  então  de acordo  com  a  doutrina  de  emprego  da  Força  Aérea,  o Grupo  brasileiro,  engajou  no combate  sob  as  ordens  da  Força  Aérea  Americana,  as missões  eram  designadas  e orientadas, pelo auto comando norte-americano.


Função: Piloto de Combate
Promoções: em 21 Mai 45, promovido a 2º Tenente.


Segundo Jesus Manoel no seu livro (A obra do Século: Documentário Histórico de Jataí, 1991), relata que Diomar Menezes em uma missão contra o território alemão foi  o  único  que  voltou  à  base,  depois  de  destruir  um  depósito  de  munição  camuflado como   hospital   da   Cruz   Vermelha,  além   de   um   trecho   da   ferrovia.   Todos   os companheiros  naquela  empreitada  foram  abatidos  e  o seu  aparelho,  apesar  de perfurado pelas baterias antiaéreas, pousou no campo da base. Diomar  Menezes,  com  apenas  20  anos  de  idade,  impôs-se  no  grupo  ao respeito  de  todos.  Valia  pelo  que  era  como  piloto  de  combate.  Não  fazia  o  tipo  do militar compenetrado, porém tinha características especiais, não levando tão a sério o fato   de   ser   militar.   Sua   farda   tinha   um   toque   do   dono.   (A   obra   do   Século: Documentário Histórico de Jataí, 1991).          

No livro (Senta a Pua, 1980), o mesmo ressalta as ações de Diomar Menezes, tendo  em  vista,  que  em  uma  incursão,  chegou  ser  atingido  seriamente,  e  mesmo assim  não  regressou  à  Base,  persistindo  no  combate até  realizar  por  completo  a investida  no  campo  inimigo,  retornando  ferido,  sem maiores  queixas,  e  logo  foi atendido  pela  a  equipe  médica.  Ainda  nas  escritas  de  Rui  Moreira  Lima,  este  faz algumas referencias a Diomar Menezes: 

"O  Menezes  não  só  não  acreditava  no  azar,  como  também  não  cumpria  tal ordem.  Alias,  ele,  Torres  e  Keller,  sem  falar  em  toda  a  Yellou  do  Joel, ignoravam esse detalhe. Nunca soube que algum deles houvesse regressado à Base por haver levado um tiro. Tinham que ser atingidos mais de uma vez para  retornarem  a  Pisa.  As  regras  existiam.  Regras,  não,  as  ordens.  Deviam ser  cumpridas.  Só  quem  esteve  em  combater  pode  julgar  atitude  desses rapazes.  O  comandante  Nero  Moura  os  entendia.  Quando  Menezes  era surpreendido, baixava a cabeça e jurava não repetir mais aquilo. Jurava com os dedos cruzados! Juramento falso! Na primeira oportunidade e lá vinha ele com  o  P-47  ferido.  Nova  repreensão.  Goiano  cabeçudo  estava  ali!  Tinha tiradas  geniais.  Uma  particularidade  dele:  conseguia  ficar  com  o  cabelo como    se    estivesse    sempre    por    cortar.    Atrás    da    orelha    mantinha permanentemente  uma  guimba  de  cigarro  pronta  para  entrar  em  ação.  Seu quepe era diferente, ele o dobrava e o enterrava no bolso da calça. Antes de usá-lo  novamente,  dava-lhe  uns  tapas  na  pala,  e  pronto!  Era  só  enfiar  na cabeça." (LIMA, 1980, pg. 303). 

É pertinente acrescentar que, o Tenente Diomar Menezes teve uma atuação de destacável  não  somente  entre  os  pilotos  brasileiros,  mas  também  entre  os  aliados, pois  foi  apontado  como  um  dos  aviadores  com  maior  número  de  missões,  ao  todo, cerca 71, evidente que outros pilotos brasileiros ou não, mostraram números iguais ou até superiores ao de Diomar Menezes, mas no geral, se atentarmos por uma média de incursões,  Menezes  apresentou  um  desempenho  significativo  em  combate.  Segue abaixo o quadro de missões executada por Menezes: 

MISSÕES: 

Ofensivas: 71 
Defensivas: 1 

Condecorações: Cruz de Sangue, Cruz de Aviação Fita A, 
Campanha da Itália, Air Medal (EUA) e Presidential Unit Citation (EUA).

Treinamento: em 25 Dez 44, apresentou-se em Pisa 
vindo diretamente da escola de Pilotagem dos Estados Unidos.


De acordo com D.C. Mello, (Jatahy Paginas Esquecidas, 2001), ao termino da Segunda Guerra Mundial, Diomar Menezes retorna para Brasil, e é recebido com diversas festividades,  em seguida faz uma visita a sua terra natal. Para homenagear o jovem piloto, o Prefeito de Jataí, Aristóteles de Rezende decreta feriado municipal naquela oportunidade, dizendo que esta ação fazia parte das festividades e homenagens que a cidade prestava ao seu nobre filho. De Jataí, Menezes parte para a cidade do Rio de Janeiro, tornando-se instrutor de  voo,  na  Base  Aérea  de  Santa  Cruz,  na  qual,  foi  nomeado  comandante  de  uma esquadrilha  no  estágio  da  seleção  para  Piloto  de  Caça,  ESPC,  embrião  da  moderna aviação  de  caça  no  Brasil.  No  dia  10  de  abril  de  1946,  num  dos  voos  de  instrução, quando  executava  as  manobras  de  treinamento  em  grupo,  chocou-se  com  um aspirante  que  nada  sofreu.  O  avião  T–6  do  2º  Tenente  Diomar  Menezes,  dobrou  a asa  esquerda  em  um  ângulo  de  45  graus,  entrando  em parafuso  lento.  Ele  perdeu  o comando  e  não  consegui  abrir  a  capota  ou  canopí  para  saltar  com  paraquedas.  O rádio  emudeceu  e  a  tranqüilidade  de  sues  gestos  era  tamanha  que  o  colega surpreendeu-se,  quando  sua  ultima  visão  foi  observar  o  avião  se  enterrar  no  solo pantanoso  da  baia  de  Sepetiba.  (A  obra  do  Século:  Documentário  Histórico  de  Jataí, 1984).  

Após  a  queda  da  aeronave,  as  equipes  de  resgate  constataram  a  morte  de Menezes  e retiraram  o  corpo  dos  escombros  do  avião e  logo  em  seguida  conduzido para  capela  do Cemitério  São  João  Batista  no  Rio  de  Janeiro,  onde  lhe  foi  dado sepultamento no Pantheon dos Heróis com as devidas honras. 

DC Mello ainda escreve que a sociedade jataiense sentiu a perca do seu filho, e  em  26  de  Dezembro  de  1947,  o  executivo  municipal resolveu  homenageá-lo.  O Prefeito  de  Jataí,  Epaminondas  Honório  Campos,  autorizou  a  mudança  do  nome  da Praça da Bandeira para Praça Tenente Diomar Menezes, atendendo a um pedido do Vereador Dr. Aristóteles Rezende.  

Atualmente  o  Prefeito  Humberto  de  Freitas  Machado,  propôs  uma  reforma  na praça  já  mencionada,  e  foi  construído  um  grande  painel  com  a  imagem  do  Tenente Diomar Menezes dentro do seu P-47 Thunderbolt, aliadas a algumas figuras que nos remetem a território italiano, acrescentado da bandeira brasileira e o símbolo do Esquadrão Senta a Pua.

Homenagem em Jatai que é a cidade natal do Diomar Meneses, envio pelo nosso seguidor Lucas Lemos:





RIP!

Informações: Sentandoapua.com.br e
texto de José Elias Terra de Olviveira Junior – UFG/Jataí.

Jamais serão esquecidos!

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